Graduação EAD aumentou 700% em 10 anos
Número de cursos à distância no Brasil saiu de 1.148 para 9.186
Ter um diploma de ensino superior é o sonho de muitos brasileiros. Porém, tal anseio depende de muitos fatores, como nível educacional e disponibilidade de tempo e dinheiro. Nesse sentido, o Ensino à Distância (EAD) se revelou como uma alternativa muito mais acessível para diversas pessoas.
Não à toa, o número de cursos nessa modalidade saiu de 1.148, em 2012, para 9.185, em 2022, o equivalente a um aumento de 700%. Lembrando que nem toda graduação pode ser feita à distância, a exemplo de Medicina — curso que, muitas vezes, exige boa preparação prévia, como a de um curso extensivo programado.
Essa verdadeira explosão de cursos EAD teve impulso a partir de 2018, quando o então presidente da República, Michel Temer, editou um decreto que flexibilizava a criação de novos polos de educação à distância. Em contrapartida, o atual governo tem demonstrado preocupação, principalmente quanto à qualidade de tais cursos.
Número de ingressos no EAD já é maior que no presencial
Dados do Censo da Educação Superior divulgados pelo Ministério da Educação (MEC) — órgão responsável pela promoção do ensino de qualidade no Brasil —, revelaram que, desde 2019, o número de ingressos em cursos na modalidade à distância é maior que o de pessoas que entraram na modalidade presencial.
Nessa perspectiva, o ano de 2022 representou um verdadeiro recorde: 3.100.556 estudantes entraram em cursos EAD, contra 1.656.172 novos alunos no presencial. Este, por sua vez, ainda consegue ser maior no número de matrículas: 5.112.663 contra 4.330.934 no ensino à distância, em 2022.
A oferta de vagas de EAD teve um aumento de 139,5%, em especial após 2018. Tais dados, porém, geram preocupação quanto à qualidade do ensino. De acordo com o ministro da Educação, Camilo Santana, esse aumento vertiginoso acende um alerta.
Em matéria publicada pelo Estadão, Santana se mostrou receoso com a qualidade de tais cursos. “Claro que facilita muito a vida do trabalhador, que tem que trabalhar, se deslocar”, no entanto, o ministro considera indispensável a avaliação de quais cursos podem ser de ensino à distância sem prejudicar a formação profissional.
Formação de professores também preocupa
Outra questão que exige cuidado, segundo o ministro, é relativa aos cursos de Licenciatura, modalidade focada em formar professores e educadores. Ainda de acordo com os dados do último censo, de cada dez alunos que ingressaram em alguma graduação desse tipo, oito optaram pelo ensino à distância.
“Não podemos aceitar que a grande maioria dos cursos de Licenciatura do Brasil seja à distância”, afirmou. A fala de Camilo Santana está baseada na preocupação da qualidade de formação dos futuros professores e é corroborada pelos dados mais recentes do Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (Enade).
Conforme o Enade, numa escala de 0 a 10, todas as licenciaturas em questão têm notas inferiores a 5. Exemplo disso é a nota do curso de Pedagogia que alcançou a média de 3,6. “Não tenho dúvidas de que vamos ter desafios enormes em relação principalmente aos cursos de Licenciatura”, afirmou o ministro.
Nesse cenário complexo, em que 64% das matrículas nesses cursos são por ensino à distância, o Ministério da Educação pretende apostar no seu aprimoramento, de modo a contribuir na regulação do setor por meio da implantação de diretrizes que consigam colaborar com a qualificação do setor.
O MEC suspendeu a autorização de cursos EAD de Farmácia e cancelou a discussão de cursos de Psicologia, Odontologia e Direito nessa modalidade. “A nossa preocupação não é o fato de ter um curso à distância, mas garantir qualidade neste curso”, concluiu Santana.
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